Sistema permite prever a morte de neur么nios em fases iniciais
José Pichel Andrés/DICYT O Laboratório de Plasticidade Neuronal e Neuro-reparação do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl) desenvolveu um kit de marcadores de pré-neuro-degeneração, isto é, um sistema que encontra sinais que permitem prever se as células do sistema nervoso, os neurônios, vão sofrer uma deterioração que provoque sua morte massiva, o que conduz a patologias como o Alzheimer, o Parkinson ou a esclerose múltipla. Depois de anos de pesquisa, a equipe de José Ramón Alonso Peña solicitou a patente deste kit que se baseia na detecção de determinados sinais dos próprios neurônios quando estes ainda estão saudáveis.
“Podemos detectar os neurônios que vão morrer em uma etapa muito inicial, antes mesmo de apresentarem algum dano observável, graças a marcadores específicos que nos permitem identificá-los”, indica o pesquisador em declarações a DiCYT. “Quando mostramos estas células a fisiologistas para que as registrem, nos dizem que são normais; por outro lado, nós sabemos que se apresentam determinados indicadores estarão mortas em certo tempo”, completa.
Trata-se de “um modelo que nos mostra o que acontece em uma célula antes de que esteja ferida, e porque as mudanças são muito sutis pensamos que se trata dos primeiros sinas sendo que, posteriormente, abre-se uma cascata de reações até que a célula finalmente morre”, diz. A idéia é controlar proteínas muito específicas. “As primeiras mudanças estão relacionadas com a expressão gênica de certas proteínas, por exemplo, as histonas”, aponta Alonso. Diante da deterioração, as células tem mecanismo de sobrevivência e reparação, de maneira que produzem certos sinais e ativam determinados mecanismos de resposta que, neste caso, são uma pista que os cientistas usam para determinar se o neurônio vai apresentar problemas em breve.
Segundo José Ramón Alonso, a possibilidade de que em um futuro se detecte de forma precoce a neuro-degeneração pode ser um passo muito importante na luta contra certas doenças. “Quando uma pessoa tem Alzheimer, vai ao médico porque notou sintomas de perda de memória, e provavelmente neste momento já terá perdido centenas de milhares de neurônios. A única opção que temos é tentar interromper este processo e o nosso kit estaria a tempo de fazê-lo, porque se trata de um momento no qual os neurônios estão começando a mostrar sinais de alarme”, explica, “se podemos identificar esta primeira fase, talvez ainda estejamos a tempo de fazer algo”, indica.
O laboratório do Incyl trabalha nesta linha de pesquisa há 10 anos e já comprovou tudo isto de forma teórica em neurônios de cultivo e agora o desafio é fazê-lo em um modelo de camundongo vivo. “O problema é que trabalhamos com animais e para trasladar isto às pessoas primeiramente teríamos que comprovar se é possível conseguir algum destes marcadores no tecido nervoso periférico ou não”, indica.
Mecanismos de reparação
Em qualquer caso, “com este modelo único podemos estudar qualquer fator para ver se ele é capaz de proteger estes neurônios que vão morrer, uma espécie de plataforma de testes”, levando em conta que em etapas inicias os mecanismos de reparação das próprias células ainda estão intactos.