Armazenando informação «

A bordo del Joides

Otro sitio realizado con WordPress
A bordo del Joides 20 diciembre, 2011

Armazenando informação

Todas as noites somos acompanhados por centenas de gaivotas que repousam tranqüilamente na água ao lado do barco, provavelmente esperando o carregamento de peixes que nunca chega. Outro dia comentávamos que devem estar um pouco frustradas porque pescamos pouco e pela baixa eficiência de nosso barco na arte da pesca. Há duas noites, no entanto, o espetáculo foi esplêndido, um grupo de golfinhos com barriga branca saltaram e nadaram durante mais de meia hora a estibordo, foi um momento de relaxamento no turbilhão da sonda.

 

Os últimos três dias foram intensos, analisou-se centenas de metros de sedimento, mediu-se, centímetro por centímetro, diferentes propriedades do mesmo, e a estas alturas toda a informação deve estar armazenada de forma segura nas bases de dados do “College Station” no Texas. Finalmente, chegamos ao nosso objetivo, 860 metros de profundidade abaixo do fundo marinho. Os últimos 200 metros foram apaixonantes, ainda que seja muito cedo para tirar conclusões, em nossas cabeças cozinham já idéias que agora deverão ser testadas de forma sólida, analisando o detalhe dos registros que acabamos de retirar, e provavelmente nos custará tempo construir uma teoria sólida que explique o que aconteceu no estreito de Gibraltar há 5,3 milhões de anos. No momento, estamos bastante certos de haver cruzados o nível na nossa sonda e de que uma mudança importante na sedimentação ocorreu nessa região do Golfo de Cádiz.

 

Ontem de tarde, na torre de perfuração, começou-se a injetar lodo para estabilizar as paredes do poço e nesta madrugada foram retirados os tubos do poço aberto no fundo para introduzir nele os instrumentos de “donwhole logging”, diagrafias de poço. Estes instrumentos medem “in situ”, ao descer lentamente pelas paredes do poço, as propriedades das capas de sedimento que são atravessadas. É como uma viajem no tempo que nos permite ler os arquivos que ficaram gravados nos sedimentos do fundo, ao descer lentamente. Eles nos dizem quando há uma capa de cascalho ou de argila, ou quando há um sedimento pelágico. Toda a informação vai sendo registrada em um computador de bordo, e deste é enviada diretamente, por satélite, ao Texas. Mede-se a velocidade do som, a radiação gamma emitida pelas paredes do poço e outras muitas propriedades. Esta informação logo é comparada com o que observamos nos sedimentos extraídos do poço. O último teste consiste em medir a velocidade das ondas p, utilizando-se para tanto pequenos canhões de ar comprimido submersos na água que emitem pequenas explosões. Mede-se o tempos que a onda leva para chegar em cada uma das capas que estão abaixo do fundo através de um sensor que desce pelo interior do poço.

 

Francisco Javier Sierro. Universidade de Salamanca.

No hay comentarios

Leave a comment

No comments yet.

RSS feed for comments on this post. TrackBack URL

Leave a comment

XHTML: You can use these tags: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>